FES (FUNCTIONAL ELECTRICAL
STIMULATION)
Conceito:
A FES
(FUNCTIONAL ELECTRICAL STIMULATION) faz parte das correntes elétricas de
baixa frequência, a fim de promover contração muscular induzida.
O
nome FES é basicamente comercial, na verdade o termo mais correto é a Estimulação Elétrica Neuromuscular e
Muscular (EENM).
A
estimulação elétrica funcional é a estimulação elétrica de um músculo privado
do controle normal para produzir uma contração funcionalmente útil. Esse termo
é usado quando a meta do tratamento é favorecer ou produzir movimento
funcional.
Tolerância a FES
A
forma de onda do estímulo e duração do pulso tem um papel importante no
conforto da ressoa. Afirma-se normalmente que níveis de dor e sensação desagradável
são minimizados pelo uso de larguras curtas de pulso geralmente são escolhidos 50 μs) e altas frequências
(40-50 Hz ou mais). Há uma necessidade de reavaliar continuamente o nível
terapêutico de contração para cada músculo que é estimulado para assegurar que
estejam sendo obtidos os efeitos ideais.
Na
realidade, o que caracterizou o FES, foi o fato de o equipamento produzido
conseguir aplicar uma corrente no músculo de forma que se pudesse fazer flexão
e extensão dos músculos de forma alternada. Essa propriedade do equipamento deu
a ele o nome FES, por ser uma estimulação funcional. Sendo assim, vamos mostrar
como podem ser as correntes encontradas no FES.
O
importante é que haja a opção de poder controlar a frequência desta corrente
num intervalo de 1 a 100 Hz, pois é nesse intervalo onde podemos obter
contrações desde um abalo até a tetania. Bom, nesse caso, parece que estamos
diante de uma corrente farádica comum? Isso mesmo! Não há diferença.
A
figura acima mostra a Rampa. A rampa representa graficamente como a corrente se
comporta durante todo o tempo de tratamento. Esta rampa apresenta
características importantes. Vamos descrevê-las em parágrafos:
1.
O
tempo de subida; sustentação e descida; juntos representam o trabalho muscular,
ou seja, o tempo em que o músculo está sendo submetido à ação da corrente.
2.
A
pausa representa o tempo em que o equipamento ficará desligado, permitindo a
recuperação do músculo. É importante lembrar que esse ciclo ocorrerá várias
vezes durante o tempo de tratamento.
3.
A
pausa nunca deve ser menor do que o tempo de sustentação.
4.
Se
quisermos fazer uma sobrecarga grande em um músculo, fazemos o trabalho maior
do que a pausa.
5.
Se
quisermos fazer uma sobrecarga pequena, fazemos uma pausa grande e um trabalho
pequeno.
Modo aplicação
|
Sincrônico
|
Recíproco
|
2 canais no
Agonista
|
Contração Isotônica
|
Não Indicado
|
1 canal no
Agonista e 1 canal no antagonista
|
Contração Isométrica
|
Contração Isotônica com mobilidade articular
|
O
modo recíproco só é indicado quando queremos fazer uma eletroestimulação
funcional. Enquanto o modo sincrônico é indicado tanto para uma
eletroestimulação em músculos que precisam ser estimulados sem que haja uma
mobilização articular (de forma isométrica) quanto em grupos musculares
isolados.
Contra Indicação
- A FES não deve ser aplicado sobre as regiões caróticas e globofaríngea.
- Não deve ser utilizado FES em pacientes portadores de marcapassos ou outro dispositivo eletrônico implantado.
- A aplicação de FES em grávidas só deve ocorrer com acompanhamento médico, sendo que os três primeiros meses é totalmente desaconselhável as aplicações na região lombar e abdominal.
- Pacientes portadores de doenças cardíacas não devem ser submetidos a tratamento com FES.
- Não deve ser utilizado FES sobre as pálpebras.
- A utilização de FES em crianças, epiléticos e pessoas idosas deve ser realizada com acompanhamento médico.
- A utilização de FES deve ser feita mediante indicação de um fisioterapeuta ou médico.
- A aplicação simultânea, em um paciente, de equipamento de ondas curtas, ou micro-ondas ou equipamento cirúrgico de alta frequência com FES pode resultar em queimaduras no local de aplicação dos eletrodos da FES, além de poder causar danos ao equipamento de TENS.
PROCESSO DE APLICAÇÃO
DE FES
Preparação
da Região a Ser Tratada
1)
A região onde será aplicada a FES deve ser limpa com sabão antialérgico, de
forma a facilitar a circulação de corrente do eletrodo para a pele.
2)
Se a região a ser tratada possuir elevada densidade de pêlos, estes podem
dificultar o contato dos eletrodos a pele do paciente. Recomenda-se nestes caso
uma tricotomia superficial.
Fixação dos Eletrodos
1 1)
Coloque
uma fina camada de gel nos eletrodos, suficiente para que toda a área do
eletrodo permaneça em contato com a pele do paciente.
2 2)
Coloque
os eletrodos na região desejada. Fixe os
eletrodos sobre a pele com uma fita adesiva hipoalergênica.
DOSIMETRIA DA FES
Uma frequência mais baixa (30 a 50 Hz) tende a selecionar mais as
fibras tônicas ou vermelhas do tipo I, sendo que a frequência mais alta (50 a 80 Hz) pode selecionar mais fibras
fásicas ou brancas do tipo II b.
Fibras tônicas ou vermelhas tipo I
|
30 a 50 Hz
|
Fibras fásicas ou
brancas tipo II b
|
50 a 80 Hz
|
Outro parâmetro de grande
importância e a duração de pulso. Os aparelhos tradicionais permitem o ajuste
entre 200 e 400
μs, quando se objetiva a contração muscular.
Em um primeiro momento do
tratamento, pode-se optar por duração de pulso entre 200 a 300 μs, aumentando
para 300 a 400 μs em músculos que já passaram por um programa prévio de
fortalecimento.
Em um segundo momento, pode-se
utilizar esta duração de pulso para selecionar tipos específicos de fibras.
Fibras brancas ou do tipo II apresentam menor limiar de
excitação, sendo mais ativadas com duração de pulso próxima a 200 μs e fibras vermelhas respondem melhor a
excitação, com duração próxima a 400 μs.
Fibras tônicas ou vermelhas tipo I
|
Duração de pulso 400 μs
|
Fibras fásicas ou
brancas tipo II b
|
Duração de pulso 200 μs
|
TEMPO DE APLICAÇÃO
A relação entre o tempo de contração
e o tempo de repouso (Ton x Toff) em músculos mais fracos deve ficar em torno de 1:2 e, em músculos mais próximos do normal, relação de 1:1.
Um tempo de contração entre 10 e 15 segundos tem sido preferido
pela maioria dos autores. Outra regra que tem sido preconizada e um tempo total
de tratamento com o FES entre 10 e 15
minutos, podendo exceder os 20 minutos apenas em casos de atletas.
Utilizando também eletrodos de
superfície, existem duas técnicas conhecidas de colocação dos eletrodos. Em uma
delas, chamada “mio-energética”,
coloca-se um eletrodo no inicio do ventre muscular e outro do mesmo canal mais
distal, nesse mesmo músculo. A outra técnica e chamada de “ponto motor”, colocando-se um
eletrodo no ponto motor de determinado músculo e o outro mais proximal,
preferencialmente no mesmo músculo.
Estimulação
elétrica nervosa transcutânea (TENS)
TENS e um equipamento amplamente
utilizado na Fisioterapia (nem sempre de forma correta) que tem como
característica a geração de uma corrente alternada ou bifásica, pulsada,
assimétrica, equilibrada com forma de pulso retangular.
Essa característica física faz com
que seja uma corrente “despolarizada”, sem, portanto, efeitos capacitivos. A
corrente emitida pelo TENS trabalha no espectro de aproximadamente 1 a 150 Hz, sendo considerada de baixa frequência.
Fisiologicamente, o TENS atua em
principio de uma forma local ou segmentar, aumentando a condução nas fibras nervosas da dor rápida (fibras
mielínicas do tipo Ab), inibindo a
condução das fibras da dor lenta (fibras amielinicas ou polimodais do tipo
C) ao nível da substancia gelatinosa no corno medular posterior. Essas fibras
mielínicas são ativadas no momento de um trauma ou da lesão, sendo que alguns
minutos depois as fibras amielinicas entram em ação. Essas fibras amielinicas
de condução da dor lenta são, portanto, fibras que estarão excitadas quando o
fisioterapeuta abordar o paciente.
Essa inibição segmentar evita a ativação
do neurônio de transmissão (célula T) no trato espinotalamico, impedindo que o
estimulo nocivo chegue ao tálamo e, consequentemente, ao córtex. Esse mecanismo
denominado “teoria das comportas” corresponde ao efeito analgésico do TENS,
baseando-se no efeito de hiperestimulacao das fibras mielínicas, bloqueando a condução
das fibras amielinicas do tipo C, principalmente quando associadas a ativação
de vias inibitórias descendentes pela liberação de alguns neuromoduladores químicos
da dor chamados de opioides endógenos, basicamente as endorfinas.
Alem deste efeito analgésico já bem
descrito, estudos experimentais tem sugerido um efeito normalizador do sistema autonômico
simpático, levando, portanto, a um aumento microcirculatorio local abaixo dos
eletrodos de estimulação.
Esse efeito de reparo ou anti-inflamatório
ainda e muito discutido, principalmente pelo fato do TENS gerar uma corrente de
baixa frequência, o que leva a uma profundidade de penetração muito pequena, não
sendo capaz de levar esta microdilatacao a tecidos abaixo da pele. Os estudos
que corroboram com esses achados ainda se baseiam em animais experimentais.
Existem quatro tipos principais de aplicação
do TENS, sendo esses:
1. TENS Normal ou Convencional: esta forma de aplicação normalmente
leva uma frequência
de 1
a 150 Hz e duração de pulso entre 50 e 120 μs.
Frequências mais altas (em torno de 100 a 120 Hz)
tendem a ser mais eficazes em processos dolorosos agudizados em pacientes com dor de alta intensidade originadas por lesões
recentes. Essa opção tende a liberar endorfinas de rápida atuação. Já a utilização
de frequências mais baixas (30 a 40 Hz) parecem otimizar a analgesia de longa
duração, sendo empregadas em pacientes que relatam dor mais crônica. Além
disso, esta faixa de frequência tende a levar a maior vasodilatação superficial local. A aplicabilidade clinica desta
ultima informação ainda permanece incerta;
TENS NORMAL OU CONVENCIONAL
|
INDICAÇÃO
|
Frequências Altas 100 a 120 Hz
|
Dor aguda, lesões recentes,
endorfinas liberadas rápidas.
|
Frequências Baixas 30 a 40 Hz
|
Dor crônica, analgesia longa duração, maior vasodilatação superficial local.
|
2. TENS tipo Burst: mais indicado em casos de dor miogênica, seja por lesão
direta ou por espasmo protetor e tende a realizar uma estimulação próxima ao
limiar motor, levando a analgesia via
relaxamento muscular pós- excitação.
Nessa forma de estimulação mantém se
a frequência em 100 Hz, sendo
aplicada com duas rajadas ou três de pulso por segundo, sendo que a duração de
pulso é maior que o TENS normal, em torno de 100 a 180 μs. A estimulação próxima ao limiar motor leva a uma sensação
forte, porém confortável, de corrente com contrações musculares mínimas. Vale a
pena lembrar que os efeitos tendem a ser analgésicos
e relaxantes, não devendo ser confundidos com a estimulação para o
fortalecimento muscular;
TENS TIPO BURST
|
INDICAÇÃO
|
Frequências 100 Hz
Duração do Pulso 100 a 180 μs
|
Dores miogênicas, lesão direta ou
espasmos, analgesia via relaxamento muscular.
|
3. TENS tipo acupuntura: a frequência de estimulação desse tipo de
TENS esta em torno de 2 a 5 Hz, com duração de pulso maior, próxima a 300 μs.
Essas características fazem com que atue também próximo ao limiar motor,
produzindo analgesia e relaxamento muscular;
4. TENS breve e intensa: a grande diferença entre esta forma e as
outras e a alta frequência (100 a 250 Hz) e a alta duração de pulso (maior que
250 μs). Esta configuração e adotada por muitos terapeutas pre-procedimento
cinesioterápico, visto que tende a ocasionar uma analgesia mais rápida. Assim,
a percepção do paciente e de uma corrente de alta intensidade, porem tolerável.
O TENS pode ser aplicado na pele por
eletrodos de superfície com gel a base de água, como material acoplador ou
eletrodos autoadesivos. Essa aplicação deve ser realizada preferencialmente próxima
à região de origem da dor (ou dermátomos relacionados), reservando um dos
canais ao trajeto do nervo, próximo a entrada na coluna vertebral. A
distancia entre os eletrodos deve ser de no
mínimo um palmo, objetivando maior
profundidade de penetração, evitando-se
também eletrodos pequenos, pois
aumentaria muito a densidade da corrente, diminuindo a intensidade no equipamento.
Outro ponto importante na aplicação
desse recurso é o tempo de aplicação. Estudos recentes têm mostrado que a aplicação
deve sempre exceder os 40 minutos,
podendo chegar a aproximadamente duas
horas para se buscar os melhores efeitos terapêuticos. Tempo de aplicação
menor do que o citado anteriormente parece não alterar a sensação dolorosa
quando comparado à estimulação do tipo placebo.
Entre as inúmeras indicações do
recurso em questão, podem-se citar as principais alterações do aparelho
locomotor como lesões musculares, traumas, contusões, entorses ligamentares, lombalgias,
lombociatalgias, cervicalgias, cerviobraquialgias, tendinopatias, doencas
articulares como lesões meniscais, capsulares e osteoartrite. Além dessas indicações
tradicionais, vale lembrar que o equipamento gera corrente despolarizada, sendo
indicado em pós-operatórios recentes, inclusive na presença de implante metálico,
desde que se tenha uma atenção especial.
A aplicação simultânea de correntes com
objetivo analgésico como a crioterapia (gelo principalmente) tem sido
utilizada, porem esta pratica não tem fundamento fisiológico, visto que o TENS
atuaria aumentando a condução nervosa para o fechamento das comportas medulares
e o gelo inibiria esta condução. Essa pratica e totalmente empírica, portanto, não
e defendida aqui.
DOSIMETRIA
TENS NORMAL OU CONVENCIONAL:
Este
tipo de TENS é preferencialmente utilizado para produzir analgesia de curta
duração, mas de ação rápida.
Por
exemplo: paciente tem um torcicolo e o terapeuta não consegue fazer um
alongamento da musculatura porque o paciente sente muita dor à manipulação.
Então vamos fazer uma analgesia no local.
Qual a vantagem do TENS
Convensional: sua ação é rápida.
Qual a desvantagem do
TENS Convencional:
sua analgesia é
de pouca duração, mas neste caso específico, queremos produzir
analgesia apenas para poder manipular o paciente. Após essa manipulação,
provavelmente o pacientes não apresentará mais necessidade de um analgésico.
TENS TIPO BURST:
Este
tipo de TENS tem as duas características dos dois tipos anteriores, pois
estimula tanto a “via dos opióides”
quanto à “comporta da dor”.
Esse
feito deve-se ao fato deste tipo de TENS ter duas frequências; a frequência da
corrente e a frequência do Burst. Muitos terapeutas preferem este tipo por ter
esta característica, mas na realidade, o tipo Burst não tem exatamente o mesmo
efeito do convencional e do acupuntural ao mesmo tempo.
Quando
não podemos usar o acupuntural por ser uma área que tenha espasmo muscular,
utilizamos o TENS Burst por não ter esse tipo de restrição e também utilizar a
“via dos opióides”. Entre o TENS
convencional e o Burst, geralmente se opta pelo Burst, tanto por que ele também
estimula a “comporta da dor”, como pelo fato do tecido acomodar mais
rapidamente com o TENS Convencional do que com o Burst.
Convencional (Dor Aguda)
A estimulação
convencional, de alta frequência, é definida como uma cadeia contínua,
ininterrupta, de impulsos de alta frequência com curta duração e baixa
amplitude.
Frequência: 80 a 120 Hz (Alta);
Duração: 40 a 75 microssegundos;
Amplitude: Subjetiva (dentro dos padrões da estimulação sensitiva,
gerando sensação agradável).
No modo
convencional a TENS recruta as fibras A-beta mielinizadas, controlando a dor
pelo método de analgesia que faz com que as fibras nervosas tipo C (nociceptivas)
não leve informação na substância gelatinosa (corno dorsal da medula).
· Convencional
(Dor crônica (pouco usual))
Frequência de pulso
alta (100 a 130 Hz)
Duração do pulso:
De 100 a 300 microssegundos (largo);
Intensidade: Alta (desconfortável);
Início do alívio:
20 minutos;
Duração do alívio:
20 min à 2 horas.
· Breve
Intenso
Similar ao modo
convencional, o estímulo é formado por uma cadeia ininterrupta de impulsos com
frequência muito elevadas, larguras e intensidade moderadas.
Frequência:
Alta (acima de 100 Hz);
Duração: 200
microssegundos (largo);
Amplitude:
Forte (ao nível da tolerância)
Início do
alívio: 10 a 15 minutos;
Duração do
alívio: Apenas durante a estimulação.
· Acupuntura
(alguns aparelhos microprocessados atuais não permitem o ajuste dos parâmetros
adequados para esta modalidade)
Tem baixa
frequência e a analgesia é mediada por liberação de opiáceos endógenos.
Frequência: 1 a 4 Hz;
Duração: 200 microssegundos;
Amplitude: Contrações musculares de baixa frequência (visíveis);
· Burst
ou Trem de pulso
Frequência: Larga
frequência ( 100 a 200 Hz) modulada por uma frequência de 2 a 10 Hz;
Duração: 150 a 250
microssegundos;
Amplitude:
Contrações rítmicas (toleráveis);
Início do alívio:
10 a 30 minutos;
Duração do alívio:
20 à 6 horas.
Obs: Também faz
analgesia na fase crônica.
Obs²: Usualmente o
aparelho mostra a modalidade burst sem demonstrar a frequência real emitida,
permitindo apenas o ajuste da frequência modulada.
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