RESUMO
Ramachandran
et al. foram os primeiros a
introduzirem o uso do espelho para induzir a sensação cinestésica em membros
amputados. Os mecanismos neurofisiológicos envolvidos para explicar a
terapia–espelho ainda não são claros, mas estão relacionados com o efeito
causado pelo feedback visual em áreas corticais sensóriomotoras. Essa entrada
visual pode ser o suficiente para evocar a percepção cinestésica em certas circunstâncias.
Neste contexto, a terapia-espelho é uma possibilidade segura e útil que vem
demonstrando resultados positivos na recuperação funcional de pacientes com
hemiparesia pós-acidente vascular cerebral.
INTRODUÇÃO
Três dicotomias
um tanto artificiais tem atormentado a neurologia desde suas origens. Primeiro,
existiu um debate se diferentes capacidades mentais são claramente localizadas
em módulos ou são elas mediadas de uma forma holística? Segundo, se os módulos
especializados existem, se eles funcionam de forma autônoma ou se eles
interagem substancialmente? Terceiro, são eles flexíveis ou podem ser
modificados pela mudança na entrada de informações, mesmo em cérebros de
adultos, ou seja, seria o dano cerebral em adultos irreversível ou seria
possível alguma recuperação? Inúmeras gerações de profissionais de medicina
foram ensinadas que funções são localizadas e fixas e que danos são geralmente
permanentes; embora existam sempre vozes divergentes. No entanto, vem ocorrendo
uma mudança de paradigma na neurologia com um aumento na rejeição deste dogma
clássico. Essa mudança teve seu início no trabalho de Patrick Wall, através de
suas evidências para a nova visão de função cerebral. Foram levadas em conta
evidências de ambas as interações intersensoriais assim como da plasticidade
dos módulos cerebrais. É claro que todas essas evidências são provenientes de
investigações em cérebros adultos; contradizendo o dogma de comunicações
cerebrais imutáveis1,2.