Manipulação e Mobilização Articular: Controle da Dor/Relaxamento Muscular
A manipulação diminui a dor na articulação e nas estruturas periarticulares pela estimulação dos receptores articulares. Isso reduz a percepção de dor pelo bloqueio dos impulsos dolorosos usando-se o mecanismo de entrada, produzindo, assim, o relaxamento muscular, assim, o relaxamento muscular reflexo. A dor pode ser minimizada temporariamente em certas condições pela diminuição das forças compressivas na articulação.
O controle dos impulsos dolorosos ocorre quando o movimento do tecido periarticular manipulado estimula as fibras nervosas proprioceptivas de condução rápida e diâmetro largo que bloqueiam a transmissão das fibras dolorosas de condução lenta e pequeno diâmetro, minimizando a transmissão desses impulsos para o cérebro. A redução da dor pode ter um efeito secundário no relaxamento muscular.
O relaxamento dos músculos periarticulares é obtido pela estimulação dos receptores articulares com técnicas de manipulação articular. Os receptores articulares protegem a articulação de danos que podem ocorrer se ultrapassar a amplitude de movimento fisiológica. Também são responsáveis, em parte, pela determinação do equilíbrio entre forças musculares sinérgicas e antagonistas e pela geração de uma imagem de posicionamento corporal e movimento pelo sistema nervoso central. Existem quatro tipos de receptores articulares:
- Tipo I: Posturais
- a) Estímulo
- 1) Mudança das sobrecargas mecânicas na cápsula articular.
- 2) Podem ficar mais ativos com técnicas de tração do que oscilação.
- 3) Podem ser ativados pela presença de falhas de posicionamento.
- b) Características
- 1) Baixo limiar.
- 2) Adaptação lenta (agem por até cerca de 1 minuto após o estímulo inicial).
- c) Resposta
- 1) Dão ao paciente senso de posicionamento estático e dinâmico e senso de direção, amplitude e velocidade de movimento.
- 2) Produzem aumento de tono no músculo que está sendo alongado e relaxamento do músculo antagonista.
- d) Localização
- 1) Localizados na cápsula superficial.
- 2) Localizados primariamente no pescoço, quadril e ombro.
- Tipo II: Dinâmicos
- a) Estímulos
- 1) Mudanças bruscas no movimento articular.
- 2) Podem ficar mais ativos com técnicas de oscilação do que com as de tração.
- b) Características
- 1) Baixo limiar.
- 2) Adaptação rápida (agem por ½ segundo após cada movimento).
- c) Resposta
- 1) Dão ao paciente senso de aceleração e desaceleração articular.
- 2) Produzem aumento de tono no músculo que está sendo alongado e relaxamento no músculo antagonista quando a articulação está no final da amplitude.
- d) Localização
- 1) Localizados nas camadas profundas dos ligamentos e cápsula.
- 2) Localizados primariamente na coluna lombar, mão, pé e mandíbula.
- Tipo III: Inibidoresa) Estímulo
- 1) Alongamento no final da amplitude.
- b) Características
- 1) Alto limiar.
- 2) Adaptação muito lenta (agem por vários minutos após o estímulo inicial).
- 3) Mais ativos com técnicas de manipulação rápidas.
- c) Resposta
- 1) Dão ao paciente senso de movimento dinâmico e direção de movimento.
- 2) Inibem o tono muscular.
- d) Localização
- 1) Localizados primariamente nos ligamentos articulares.
- Tipo IV: Nociceptoresa) Estímulo
- 1) Deformação ou tensão mecânica acentuada.
- 2) Irritação mecânica ou química direta.
- b) Características
- 1) Alto limiar.
- 2) Não adaptáveis.
- c) Resposta
- 1) Produzem contração muscular tônica.
- d) Localização
- 1) Localizados na maioria dos tecidos.
Quando um paciente for tratado para relaxar a musculatura ao redor da articulação, a direção da técnica deve alongar as estruturas capsulares opostas à musculatura a ser relaxada. Isso resulta em contração da musculatura adjacente ao tecido capsular alongado e relaxamento dos músculos antagonistas.
Se forem usados oscilações ou tratamentos direcionados paralelamente à superfície articular, a direção da oscilação deverá ser oposta àquela que pode aumentar a mobilidade intra-articular na cápsula adjacente ao músculo que esta sendo relaxado. Se o objetivo for também aumentar a extensibilidade de estruturas periarticulares, a manipulação deverá ser direcionada para o lado oposto àquele que poderia diminuir a restrição para relaxar a musculatura que está limitando o movimento e, então, na direção que possa tratar a limitação para aumentar a extensibilidade.
Pode ser mais efetivo usar oscilações para produzir relaxamento na coluna lombar, mão, pé e mandíbula.
Se a tração ou os tratamentos direcionados perpendicularmente à superfície articular estão sendo usados para o relaxamento, a articulação deve ser posicionada de modo que ocorra alongamento da cápsula na parte oposta ao músculo que esta sendo relaxado. A parte da amplitude que está restrita, desse modo, deve ser evitada. Se o pescoço, quadril ou ombro estão sendo tratada pelo relaxamento, a tração pode ser mais efetiva do que as oscilações.
A manipulação articular pode ser usada para relaxar articulações que estejam exibindo movimento excessivo se as técnicas se limitarem àquelas que não levam a articulação pela primeira parada de tecido. As técnicas que levam a articulação pela primeira parada de tecido são apropriadas para outras razões. Nesse caso, as manipulações bruscas são especialmente efetivas para o relaxamento, pois estimulam os receptores do tipo três.
Referência
EDMOND, L. Susan. Manipulation and Mobilization: Extremity and Spinal Techniques. Mosby-Year Book, 2000.
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